GAL
Aplacar a dor de uma morte não é fácil e na vã tentativa, há uma beleza difícil. As lembranças vêm à tona, revivemos em atropelos chorosos as mil e uma histórias em uma memorável despedida ilustrada. Um cineminha particular. Gal de tanga vermelha transparecendo a “Maricota” (apelido, vocês podem imaginar do quê, que meus pais criaram para, com carinho e delicadeza, poderem conversar naturalmente com suas filhas pequenas) repartida ao meio, no passado foi minha vergonha, depois a falta dela. Seu volumoso cabelo jogado de lado e preso com duas rosas era meu penteado inatingível, pois grampos sempre escorregaram e caíram indisciplinados da minha cabeça. As capas dos seus lps foram iconografias da minha vida. Gal dançando com os peitos naturalmente lindos quase aparecendo e depois exibidos por ela, de propósito, me contaram sobre empoderamento muito antes dessa palavra estar na boca de todo mundo. Gal tinha os sovacos e as saboneteiras que mais admiro. Sempre meio pelada, genuinamente bela